Trekking Base Torres del Paine

A trilha para conhecer a Base das Torres del Paine é uma das mais conhecidas do mundo e o principal percurso dentro do Parque Nacional Torres del Paine. Não é à toa que viajantes de todos os países vão ao Chile para fazer essa caminhada, que proporciona belíssimas paisagens e toda a diversidade de climas e terrenos da Patagônia chilena.

Nós fizemos o trekking de um dia até as Bases das Torres, que é uma excelente alternativa a quem deseja conhecer o parque, mas não tem interesse ou disponibilidade de fazer todo o percurso de vários dias e dormir dentro do parque. Compartilharemos aqui toda nossa experiência.

Planejamento

Preparação para a trilha

É importante saber que a trilha tem um total de 24 km, contando ida e volta e leva em média 8 horas para ser concluída, sendo considerada de nível médio-difícil, portanto o ideal é que você tenha algum preparo ou experiência em caminhadas. Então se deseja ir, comece a caminhar agora mesmo, para ter uma experiência agradável no dia do trekking.

Vista da trilha

Na noite anterior não tome bebidas alcoólicas, evite comidas pesadas e tente dormir cedo para garantir 8 horas de sono. Alimente-se bem no café da manhã, mas sem comidas pesadas.

Se por acaso você acha que esse passeio é muito pesado, veja alguma outra opção mais fácil como o Full Day Torres del Paine ou a Navegação para Balmaceda e Serrano.

Como chegar até o Parque Torres del Paine

O mais comum para quem vai fazer o trekking de um dia é ficar hospedado na cidade de Puerto Natales e de lá seguir para o parque em uma viagem de aproximadamente 2 horas, em trajetos que podem ser feitos de ônibus, carro ou de van com alguma agência. Também existe a possibilidade de ficar hospedado dentro do parque em hotéis luxuosos, refúgios (hostel) ou campings.

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O parque possui várias entradas, mas para fazer o trekking até a base das torres o ideal é entrar pela Guardería Laguna Amarga.

Guardería Laguna Amarga

No nosso caso, já agendamos o passeio antes de sair do Brasil pelo site Denomades, que por sua vez contratou a agência Patagonia Planet para o transporte, que nos buscou no nosso hotel e forneceu bastões de caminhada, almoço (opcional) e guia por toda a trilha. Pagamos $59.000 (R$ 320) por pessoa. Um dia antes do passeio fomos na agência, que fica em Puerto Natales, para confirmar se estava tudo certo e assistir uma apresentação de segurança, que é obrigatória.

Existem várias agências que fazem os passeios para o parque, em uma breve caminhada pelo centro você já passa por elas, vale a pena fazer a cotação em algumas caso você não tenha feito reserva antecipada, a média de preço pela cidade é de $ 40.000 (R$ 217). Para reservar com antecedência você pode pesquisar também pela Viator ou GetYourGuide.

Abaixo estão as empresas de ônibus que fazem o trajeto da cidade até o parque na alta temporada, com saída da rodoviária de Puerto Natales (lembre-se de sempre confirmar os horários e valores, que podem variar):

• Buses Gómez, Buses María José, Bus Sur, Buses Juan Ojeda e Buses JB.
• Preço: $15.000 (R$ 80) ida e volta
• Saída de Puerto Natales: 07h00, 12h00, 14h30 e 16h30
• Retorno para Puerto Natales: 11h30, 13h30 e 19h45

Chegando ao parque, é necessário pagar a entrada em dinheiro (pesos, dólares ou euros), que atualmente está custando $ 25.000 (R$ 135) em alta temporada para entrar e sair por até 3 dias consecutivos e não esqueça de carimbar o ingresso na entrada e escrever seu nome e documento no verso caso queira retornar.

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Da entrada Laguna Amarga até o início da trilha, nas proximidades do Hotel Las Torres são mais 6,5 km que podem ser feitos de transfer para economizar tempo e disposição. Custo ida e volta $ 6.000 (R$ 32).

Hotel Las Torres

Fazer a trilha por conta própria ou com guia?

Você pode escolher fazer a trilha com um guia, em grupo, ou por conta própria. Nós preferimos fazer com guia porque temos pouca experiência em trekkings e achamos que em grupo a experiência seria melhor e realmente vimos que foi a melhor opção para o nosso caso, pois o guia conhece bem o caminho e sabe o tempo necessário para ir e voltar. Para que prefere ir sem guia o caminho é muito bem demarcado, as possibilidades de se perder são quase nulas e há muita gente fazendo o trekking, então não precisa ficar receoso, apenas senti falta de placas com a distância percorrida e altitude.

Trilha marcada em vermelho

Melhor época para fazer o trekking até a base das Torres del Paine

A nossa escolha foi ir durante o verão, que considero a melhor época pela maior duração do dia (o sol se põe depois das 21 horas) e temperatura menos fria (entre 4°C e 18°C). No entanto, cada estação tem sua peculiaridade, apenas se você tem pouco tempo de viagem evite ir no inverno, pois a trilha pode ficar fechada em dias de clima mais rigoroso. A alta temporada vai de outubro até abril e cerca de 80% dos visitantes costuma ir nessa época.

Início da trilha

Que roupas usar no trekking Base Torres del Paine

Estar com a roupa certa é essencial para não passar dificuldade na trilha, com um destaque especial para as botas de trekking e jaquetas impermeáveis. Você vai caminhar bastante, e um calçado confortável e roupas secas fazem toda a diferença, falamos por experiência própria, pois a Grazi foi de tênis comum e terminou a trilha falando que a próxima compra seria de uma bota impermeável.

Durante a trilha você vai passar por diversos microclimas, portanto é quase certo pegar chuva e muito vento e outras horas você vai até sentir calor devido à caminhada. Então o ideal é se vestir em camadas, com roupas leves que vão ser retiradas ou recolocadas à medida que a caminhada avança.

A chuva que nos acompanhou

O que vestir:

Leve uma mochila pequena, apenas com os itens essenciais: uma garrafa de água (que será reenchida nas cachoeiras no caminho), um sanduíche ou algum outro lanche pro almoço, barrinhas de cereal ou de proteína que contenha chocolate meio amargo para dar mais energia, uma fruta e uma câmera que não seja pesada. Além disso leve protetor solar e protetor labial, que são itens essenciais na Patagônia devido ao alto índice UV.

Levamos apenas uma mochila pequena para nós dois

Eu usei uma mochila da Sea-to-summit supercompacta e impermeável que achei excelente.

A última recomendação é não utilizar botas ou tênis novos na trilha para evitar criar calos nos pés e no primeiro desconforto parar e corrigir o problema (meias fora de lugar, pedrinhas no tênis, etc.)

A Trilha

O dia começou bem cedo, às 06:30 horas o guia Alejandro (que por sinal fala português muito bem) passou no hotel para nos buscar em uma van, que apanhou no total 6 pessoas, nosso pequeno grupo, e após 2 horas de estrada chegamos à Guardería Laguna Amarga, que marca uma das entradas do parque Torres del Paine. Lá todos descemos e as pessoas que ainda não tinham o ingresso do parque precisaram comprar e depois nós retornamos para a van que nos deixou em frente à Reserva Cerro Paine, próximo ao Hotel Las Torres, onde se inicia a trilha. Pegamos nosso bastão de caminhada e partimos cheios de empolgação e ansiedade, mal sabíamos o que nos aguardava e o que significariam aqueles 24 km de trekking.

Reserva Cerro Paine com uma cafeteria

Iniciamos nossa caminhada às 10 horas, sem muito preparo ou experiência, mas com bastante disposição e logo de cara percebemos que o grupo andava em um ritmo bem mais rápido que o nosso, mas seguimos tentando acompanhá-los. O caminho desde o início já exibe uma natureza com uma beleza diferente de tudo que já tínhamos visto.

“Uma jornada de mil milhas começa com um único passo…” Lao-Tze

Depois de 10 minutos de caminhada chegamos a uma bifurcação, o caminho da esquerda conduz às bases das torres.

A partir daí começamos a subida em ziguezague e o clima, que estava aberto e ensolarado, de repente muda, uma fina e gelada chuva nos acompanha por toda a encosta e com ela o famoso vento patagônico, que de tão forte cria uma resistência para quem está indo, nessa hora o bastão de caminhada foi essencial para dar apoio.

Aproximadamente ao meio dia, chegamos ao Camping Chileno, que marca a metade do trajeto. Ali paramos por 15 minutos para sentar um pouco, tomar água, ir ao banheiro ($1.000) e comer uma barrinha de proteína.

Refúgio e Camping Chileno com uma loja e cafeteria

Depois do curto descanso, seguimos por um bosque de lengas, uma vegetação mais alta e fechada, essa é a área com terreno mais úmido e às vezes enlameado, aqui as botas impermeáveis fazem uma grande diferença.

Caminho pelo bosque

Continuamos caminhando por cerca de 1 hora, passando por pontes e cachoeiras.

Bosque de lengas

Depois do bosque avistamos nosso último desafio para chegar até a base, uma subida íngreme de meia hora entre muitas rochas.

Última subida em meio a rochas

Por volta das 14 horas e depois de muitos desafios vencidos chegamos ao incrível mirante com a vista das três torres (d’Agostini, Central e Monzino) e dos Montes Peineta e Nido de Cóndores. O dia estava lindo e uma sensação de alívio e realização nos atingiu. Ficamos no mirante por meia hora, admirando a beleza do local e aproveitando para almoçar antes do retorno.

No início do caminho de volta é preciso descer as mesmas rochas que subimos, o que pra mim foi a parte mais delicada da trilha, pois algumas rochas são muito altas o que força bastante os joelhos (descendo em algumas dessas pedras eu devo ter pisado de mal jeito e fiquei sentindo dores no joelho até o final da trilha).

Finalmente, por volta de 18 horas chegamos de volta ao ponto de início de trilha, onde nossa van estava nos aguardando, muito cansados (eu com dores no joelho e a Grazi com os pés molhados), mas satisfeitos e orgulhosos por ter realizado essa aventura.

Satisfação no final da trilha

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